A tiróide é a glândula que regula o nosso metabolismo , todos os tecidos possuem receptores para as suas hormonas (T3 e T4), pelo que uma diminuição da sua função terá impacto no nosso funcionamento, manifestando-se numa variedade de sintomas relacionados com a diminuição do metabolismo da tiróide. (Ganho de peso, fadiga, sensação de frio permanente, alteração do colesterol, infertilidade, irregularidades menstruais, depressão, prisão de ventre entre muitos outros). O hipotireoidismo ou baixa função da glândula tireoide é cada vez mais comum na população, principalmente em pessoas onde ainda não há manifestação clínica, mas nas quais se constata uma aparente disfunção (Elevação do TSH até 10 mUI/L [Valores normais geralmente considerado 1-4 mUI/L] com hormônio livre circulante normal (T3 e T4) – chamado hipotireoidismo subclínico). A incidência global é de 13% da população , enquanto o hipotireoidismo já estabelecido dependendo da idade e do sexo pode ter incidência de 20% na população.
Os benefícios do tratamento de reposição hormonal têm demonstrado benefícios na redução do desenvolvimento de diferentes doenças cardiovasculares, mas surge a pergunta: Todos os pacientes com suspeita de hipotireoidismo necessitam de reposição hormonal ao longo da vida? pessoas que NÃO receberam tratamento normalizam os valores paraclínicos trabalhando hábitos de vida saudáveis. Em estudo realizado por Meyerovitch et al. Em 12.667 pacientes com hipotireoidismo subclínico que não receberam tratamento, 62% dos pacientes na avaliação de 5 anos tiveram testes normais [2]. Em outro estudo realizado por Díez e Iglesias P realizado em pacientes com mais de 55 anos com diagnóstico de hipotireoidismo subclínico que não receberam tratamento, após acompanhamento de 32 meses obtiveram valores normais nos exames em 52% [ 3]. O hipotireoidismo é uma condição patológica ou uma manifestação metabólica de um desequilíbrio? Na maioria dos pacientes é uma manifestação metabólica. Talvez a primeira medida não seja iniciar a substituição imediata, mas sim trabalhar os fatores relacionados ao estilo de vida que estão impactando negativamente o metabolismo da pessoa e avaliar a resposta a estes.
A população que necessita de reposição hormonal precoce é:
– Mulheres grávidas . Pela importante influência da tireoide no desenvolvimento neural do bebê.
– Crianças e adolescentes onde for necessário para o crescimento (Enquanto a origem da manifestação é esclarecida)
– Mulheres com dificuldades com problemas de fertilidade . (Enquanto a origem da manifestação é esclarecida).
– Paciente com elevação sustentada de TSH, aumento dos sintomas e elevação de anticorpos contra a tireoide. (Enquanto a origem da manifestação é esclarecida).
– Pessoas com doença de gota ou artrite gotosa . (Enquanto a origem da manifestação é esclarecida).
Foram documentadas diferentes entidades e condições que afetam negativamente o metabolismo e que podem marcar o desenvolvimento do hipotireoidismo. Estes permitem-nos definir potenciais ferramentas terapêuticas fora das farmacológicas para resolver esta condição e desfrutar de um metabolismo que nos enche de energia.
OPÇÕES DE TRATAMENTO:
A Tireóide é o centro de comando do metabolismo, reage perfeitamente a qualquer mudança sutil que seja gerada dentro do corpo. O ambiente mental, emocional e físico influenciam diretamente no seu correto funcionamento , para alcançar a sincronia perfeita entre o ambiente e o corpo físico. As seguintes intervenções terapêuticas permitem a resolução ou redução da substituição.
– Tratamento de origem autoimune : em pacientes com doença de Hashimoto, tratamento de permeabilidade intestinal, disfunções gastrointestinais e intolerâncias alimentares (Glúten? lácteos? etc.). Pode melhorar a condição e até reduzir os anticorpos antitireoidianos (anticorpos tireoperoxidase e tireoglobulina).
– Otimizar e personalizar hábitos alimentares , bem como trabalhar possíveis disfunções e intolerâncias associadas que levam à inflamação silenciosa e ao desenvolvimento de autoimunidade.
– Gestão de distúrbios do sono e estresse pessoal percebido. muitas vezes silenciosas ou normalizadas que foram documentadas aumentam a incidência de hipotireoidismo.
– Diminuir o sedentarismo, melhorar a energia e desenvolver mudanças no estilo de vida que permitam uma composição corporal adequada com aumento de massa muscular, bem como tratamento a longo prazo do excesso de peso ou da obesidade.
– Diminuição da inflamação geral do sistema que leva ao agravamento, como tem sido documentado em pacientes com desenvolvimento de hipotiroidismo pós-COVID, associado a doenças reumáticas, asma, entre outras….
.– Suplementação direcionada com oligoelementos e/ou vitaminas que beneficiam a função e o metabolismo da tiroide com evidências importantes como: níveis sanguíneos corretos de vitamina D, Selénio e Zinco entre outros.
– Redução da exposição a agentes ambientais que inibem a função hormonal da tiróide (disruptores endócrinos), presentes em muitos alimentos, produtos de beleza e cuidados diários e instrumentos com que cozinhamos.
**Esta informação não se destina a estabelecer tratamentos médicos ou substituir as recomendações do seu médico assistente. Se pretende um tratamento abrangente e personalizado dirigido a uma determinada patologia, recomendamos consultar o seu médico de confiança.